domingo, 5 de setembro de 2010

Paisagem

Por infelicidade
Nasci neste estado
Onde todos estranham
Meu jeito, meus atos.

Aprendi a ver a vida
De uma forma diferente
Tato, paladar, olfato
E muitos beijos quentes

Já pesquisei patifarias
Na adolescência rebelde
Já chorei amargamente
Me alimentei do tédio

E crescendo até pensaria
Em estudar oftalmologia
Mas de que adiantaria?
Dedo e letra não combinam

Prefiro caminhar
Sonhar com o dia
Ouvir crianças, gritaria
E até declarar poesias

Cantarolar sem me envergonhar
Por muito tempo tive que trabalhar
Agora posso até descansar
Mas prefiro sair para passear

Hoje um amigo discreto
Me acompanha de perto
Às vezes late e eu me contenho
Só tenho que ficar esperto

E mesmo cego
Me despeço da paisagem
Quero abraçar o que não tem fim
Mas abraço a mim mesmo
Pois sei que a paisagem mais bonita
Está dentro de mim.

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